3.07.2008

Two Dreams


O dia mal começou e minha necessidade de escrever parece ter varado a madrugada.


Sonhei escrevendo: caneta e papel na mão, como uma arma. Escrevia rápido, como que para não perder um segundo dos acontecimentos ao meu redor. Tudo parecia diferente. Décadas bem anteriores. Eu estava disfarçada, com os cabelos bem presos a um chapéu. Acho que eu não poderia trabalhar.


Um assassinato acabara de acontecer. Curiosos, polícia, legistas e jornalistas cobrindo o acontecimento. Muito barulho, pessoas chorando e conversando, carros com sirenes ligadas e uma casa isolada pela polícia. De lá, parecia vir o único silêncio em vários quarteirões.


Minhas incansáveis mãos pareciam escrever tudo o que meus olhos visualizavam. Cada rosto, cada expressão, cada movimento. Um modo de entender como tudo aquilo estava acontecendo e talvez descobrir o possível assassino. Provavelmente ele estaria por perto.


Consegui entrar na casa às escondidas. Estava morbidamente quieta. Um frio invadiu-me, não pela temperatura da casa, mas por saber que ali morreram pessoas. Subi as escadas, ainda anotando tudo. Fotos de família penduradas na parede, uma família aparentemente feliz. Foi então que notei um bebê, em uma das fotos. Congelei. Teria o bebê também sido assassinado? Achei que era melhor sair daquela casa a ver uma cena tão pavorosa. Eu não suportaria. Mas o desejo de saber mais, me fez continuar subindo.


Adentrei o quarto mais próximo da escada. Tive receio de que alguém me notasse e me mandassem sair. Foi então que ouvi uma voz: "O que faz aqui?" Virei de pronto e reconheci meu irmão. "Ora, trabalhando!" - respondi-lhe. E ele disse: "Venha comigo". Me puxou pela porta, me levou a um outro cômodo e disse: "Se quer mesmo cobrir isso, use o meu boné, ao menos. Assim não vão lhe fazer muitas perguntas. Mas mantenha seu rosto abaixado. Você não pode ser reconhecida".


E ouvimos outro barulho. Um choro. E eu acordei.



PS.: Acho que tenho que parar de assistir C.S.I.

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